Saturday, January 20, 2007

Diário (ficcional) de Salgueiro Maia



Dia 24 de Abril de 1974

Hoje é um dia crucial nas nossas vidas. Estamos no dia 24 de Abril e para amanhã está prevista a maior mudança em Portugal do século XX. Todo o esforço está canalizado para este grande dia. Todos os militares estão conscientes das responsabilidades; mas também persiste o medo, o medo de sermos descobertos, de que tudo falhe como falhou na primeira tentativa de revolução, em Março deste ano.

O ambiente está muito tenso, de cortar à faca. Todos estão a postos, o grande dia aproxima-se e dá-se uma revisão geral no plano. Não é uma revisão de fundo, apenas o suficiente para todos saberem o que fazer.

O grande dia vem aí…


Dia 25 de Abril

O grande dia chegou; o país parou para assistir.

Estava em marcha a revolução que nós tanto queríamos para mudar o rumo do meu país, o país que eu amo. Fomos em direcção a Lisboa. A colocação dos nossos tanques foi estratégica. Passámos por grandes dificuldades mas alcançámos o nosso destino.

Chegámos ao Largo do Carmo onde estava Marcelo Caetano. Cercámos o quartel e encetámos negociações, que foram difíceis. De início, e contra os nossos princípios, tivemos de alvejar as janelas do Quartel do Carmo. O nosso objectivo não era usar armas, mas sim fazer uma revolução. O governo acabou por se render. Vencemos. E a alegria contaminou todos.
No fim, retiraram-me da operação. O General Marques assumiu o comando dos acontecimentos e eu levei Marcelo Caetano até ao exílio.


Dia 26 de Abril

Depois do grande dia, a ordem foi reestabelecida e a população está feliz.

Esperam-nos tempos difíceis a nível político mas também nos esperam a liberdade e a participação portuguesa na vida política. Os anos de repressão acabaram, as pessoas sentem-se leves e a ditadura nunca mais voltará.

O esforço foi grande, a recompensa ainda maior: ver felicidade na vida das pessoas faz-me feliz. Sinto-me um homem normal, mas com o sentido de dever cumprido pois terminámos com a ditadura.

Agora é altura de descansar e aproveitar a liberdade que há muito nos fugia.Viva Portugal, Viva o 25 de Abril.
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Rúben Mateus e Luís Rua, 10º C

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